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O maquinista

Hoje durante a viagem por linhas metropolitanas, não escrevi nada. Nem no papel, nem no telemóvel.
Mas estava para aqui a pensar com os meus botões, de todos os rostos que vi qual o que me sobressaiu mais...

E acho que foi mesmo o do maquinista.

Quando a carruagem vem, eu sempre fico atenta ao maquinista. Tento ver o rosto daquele que me vai levar até ao meu destino.

Sempre de rosto sério, triste(?) de quem está sozinho, percorrendo sempre os mesmos caminhos. Em gestos automatizados dos quais nem se recorda fazer.

Segue aquela linha.

Vai.
Regressa.
Vai.
Regressa.

Ironia.

Dentro das carruagens vão centenas de pessoas.

Apressadas.
Apertadas.
Sonolentas.
Abafadas.

Sem se lembrarem dele. Sem nunca pensarem nele.

O maquinista que as leva todos os dias para os seus destinos.

Hoje pensei nele.
Hoje não o vi.
Observei-o.

E quero agradecer-lhe.

Porque me sorriu e me fez sorrir também.

Ana Paula Ribeiro

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