Hoje apeteceu-me abrir um pequeno baú onde guardo as minhas recordações de sempre. Volta e meia sinto necessidade de o fazer. Está cheio de energias que me alimentam, através das cartas, postais, mimos, repletos de palavras daquelas que se registam num papel e que ficam para sempre. Hoje procurava por um envelope, já amarelecido, cuja letra redonda de menina doce, leva-me sempre a lembrar, aquela que viria ser a minha melhor amiga. Ao abri-lo, revi uma carta, escrita por ela, a 27 de Janeiro de 1990, às 23h05, com um texto de Ehrman Werner (julgo ser assim), texto este que a acompanhava nas alturas menos boas da vida e, como minha amiga que era já na altura, quis partilha-lo comigo. Dizia ainda na carta que eu, mesmo sem saber, seguia já os passos descritos pelo autor. Eu não sei se os seguia. Talvez a amizade que sentia por mim a fizesse ver-me com uns olhos diferentes e grandiosos. Sei sim, que muitas e muitas vezes li aquele texto e tentei segui-lo. Não foi fácil, não é fácil … faz
Sempre me engasguei nas palavras faladas. Elas fogem para a ponta da caneta e escrevo. Aqui, neste cantinho e junto a ti, espero que possamos partilhar os nossos pensamentos e sensações, sem papel, sem caneta e ... sem voz.